23 de ago. de 2012

BLÁ


22/08/2012 (Catarina fazendo 1 ano e 2 meses)

Um amor impossível, para onde se recolhe quando precisa ser despejado do coração e permitir que a vida siga seu curso sem perder a cor e a beleza?
Que lugar é esse onde ele passa tão despercebido que parece até que morreu?
Mas a morte pertence ao mundo físico, e não é desta matéria que os amores são feitos, sobretudo os impossíveis. (Assombram de vez em quando, contudo.)
Umas vezes chego a procurá-lo e não acho. Outras, ele é quem me encontra, desprevenida, mas some logo, apressado. Tem medo de existir.
Chega a ser mórbida a saudade de senti-lo dilacerante dentro de mim, mas só o que está vivo pode ser dilacerado, e há nisso uma beleza irresistível. A beleza de tudo que pulsa vida. Talvez por isso não o queira morto, meu lindo amor impossível.
De preferência não me procure, mas deixe seu endereço pra quando eu acordar assim como hoje, procurando um pouquinho de dor para poder escrever.

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